Existem momentos em que a alma se encontra tão distante e tão solitária, que qualquer ruído pode significar um instante de esperança ou de medo da incerteza… É a partir de tais sentimentos que os objetos passam a ter vida, memória e necessidades… É a partir do equilíbrio moral entre sentimentos tão antagônicos, que nasce a simbologia, onde alguns objetos passam a ter muito mais que meros significados, mas virtudes.
Existem dois pares de luvas brancas os quais significam a pureza, o compromisso com Deus, com a Pátria e com a Família… Muito mais do que isso, os Pares me chamam a atenção aos deveres e responsabilidades para com a Sociedade… Eles representam a luz e a virtude que devem emanar do fundo da alma humana a qual tem o compromisso divino de cuidar carinhosamente da criação. E assim, os irmãos cuidam de seus irmãos, simplesmente, porque, na verdade, só podem existir a comunhão e o amor.
Um dos pares de luvas eu carrego comigo no intuito de manter vivo o sentimento e a responsabilidade que me cabe como cidadão e como Irmão… E que o meu par nunca se suje; pois ele é a simbologia de minha virtude e de minha alma… Que o meu par nunca se perca em juízo e que passe de pai para filho, de geração a geração.
O segundo par tem o mesmo sentido e objetivo do primeiro, mas ele não me pertence; embora o carregue comigo intensamente. O segundo par de luvas pertence a alguém que pode estar em Jerusalém, Tóquio, Londres, Bagdá ou até mesmo em Rio Bonito… A dona dele pode morar em alguma dessas cidades do mundo… Ela pode até ser minha vizinha ou ter estudado comigo o colegial inteiro… Na verdade, eu não a conheço, embora a mesma se faça presente em meus sonhos todos os dias… O segundo par de luvas pertence àquela que será a mãe e responsável tanto por mim quanto por meus descendentes…
Sou um solteiro que sonha em ser pai… Sou um pai que sonha com muitos filhos… Sou um sonhador que tem a loucura de ter uma Família… Sou uma alma carente de amor.
Por isso eu afirmo que o primeiro par de luvas é o DEVER, enquanto que o segundo é a ESPERANÇA…