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esperança

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Minha timidez é meu medo.
Meu medo justifica minha timidez.
Não é uma questão de ir ou vir,
De certo ou errado…

As coisas acontecem do nada.
Só basta aparecer algo diferente,
Que ela se alastra…
Como o freio da alma e da mente.

Será o medo do desconhecido?
Ou será o medo do medo?
Talvez seja só um detalhe.

Em alguns casos,
O coração dispara e o corpo fica dormente.
Parece que o chão vai se abrir.

O rosto fica todo avermelhado.
As pálpebras se abrem e fecham…
Repentinamente, dá vontade…
De ver tudo sumir ou a si mesmo.

Até acontecer o primeiro toque
Ou, simplesmente, o impulso…
De levar à realização do primeiro beijo.
Tudo parece não ter conserto.

Assim é a dialética do tímido:
Ver o mundo difícil desde o início…
Desconfiar de todos até que não haja mais confiança.

Conviver com a esperança
De não ser o primeiro a falar
Ou a Ter que puxar a conversa.

Existem momentos em que a alma se encontra tão distante e tão solitária, que qualquer ruído pode significar um instante de esperança ou de medo da incerteza…  É a partir de tais sentimentos que os objetos passam a ter vida, memória e necessidades…  É a partir do equilíbrio moral entre sentimentos tão antagônicos, que nasce a simbologia, onde alguns objetos passam a ter muito mais que meros significados, mas virtudes.

Existem dois pares de luvas brancas os quais significam a pureza, o compromisso com Deus, com a Pátria e com a Família…  Muito mais do que isso, os Pares me chamam a atenção aos deveres e responsabilidades para com a Sociedade…  Eles representam a luz e a virtude que devem emanar do fundo da alma humana a qual tem o compromisso divino de  cuidar carinhosamente da criação.   E assim, os irmãos cuidam de seus irmãos, simplesmente, porque, na verdade, só podem existir a comunhão e o amor.

Um dos pares de luvas eu carrego comigo no intuito de manter vivo o sentimento e a responsabilidade que me cabe como cidadão e como Irmão…  E que o meu par nunca se suje;  pois ele é a simbologia de minha virtude e de minha alma…  Que o meu par nunca se perca em juízo e que passe de pai para filho, de geração a geração.

O segundo par tem o mesmo sentido e objetivo do primeiro, mas ele não me pertence;  embora  o carregue comigo intensamente.  O segundo par de luvas pertence a alguém que pode estar em Jerusalém, Tóquio, Londres, Bagdá ou até mesmo em Rio Bonito… A dona dele pode morar em alguma dessas cidades do mundo…  Ela pode até ser minha vizinha ou ter estudado comigo o colegial inteiro…  Na verdade, eu não a conheço, embora a mesma se faça presente em meus sonhos todos os dias…  O segundo par de luvas pertence àquela que será a mãe e responsável tanto por mim quanto por meus descendentes…

Sou um solteiro que sonha em ser pai…  Sou um pai que sonha com muitos filhos…  Sou um sonhador que tem a loucura de ter uma Família…  Sou uma alma carente de amor.

Por isso eu afirmo que o primeiro par de luvas é o DEVER, enquanto que o segundo é a ESPERANÇA

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