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Prefácio

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Todavia, aqui estão escritas palavras…
Que não passarão de meras palavras…
Chaves falhas das relações cotidianas,
Que nos envolvemos durante todos os instantes.

Ora vem o mar, Ora vem ar,
Ora vem a terra; mas nunca vem o amar.
E nos atrevemos quase sempre a dizer…
Aquelas coisas que nunca deveriam ser ditas…
Aquelas palavras que certamente alguém as usará contra a nós mesmos
No momento de total desespero.

Chamaria esse sentimento de amor?
Chamaria meus objetivos de Utopia?
Diria que o meu trabalho é minha vida?
Não; pois aqui eu renego a tudo.
Desqualifico minha classe e minha categoria.
Abdico os totens racionais dos empíricos.
Renego qualquer tipo de lei que me limite como indivíduo.

E, no âmbito do afeto, abraço todos os presentes;
Dando-lhes beijos e sorrisos…
Dito-lhes minhas propostas:
– Vamos fazer nada… Nada daquilo que nos impeça de sonhar.
– Vamos construir novas estruturas, novos caminhos.

Mas quando vos digo novos caminhos,
Não penso em continuar o caminho de nossos pais…
Penso na realização de um caminho abstrato racional
Que se deixe interpretar por qualquer indivíduo,
Por qualquer cidadão ou ocasião.

Quando eu penso em novas estruturas,
Imagino, não a continuação da nossa história farda;
Mas na iniciação nula de um estilo de época avançado
Sem drama ou melodia determinada…
Afinal, as coisas acontecem como uma mera manifestação do acaso.

Abro mão de minha cidadania,
Dos meus ideais de decência…
E da minha apólice de seguros pessoais,
Se a partir deste instante,
Eu não poder olhar para o céu e dizer:
– Sou um Artista.

Mas isso é pouco para uma figura catalisadora de idéias.
Ser é condição de Manifestação,
E Manifestações vão, Manifestações são esquecidas…
Manifestações morrem.

Sou muito mais que uma manifestação;
Pois eu sou parte do vento e da chuva.
Sou a continuação daquilo que ainda não veio.
Afinal, como a humanidade,
Eu estou com as trevas e abaixo de Deus.

Como os artistas presentes,
Eu afirmo que não sou uma manifestação.
Pois estamos acima das normas e dos valores…
Somos nós que iniciamos as grandes revoltas, as ditas Revoluções.

Aqui eu ratifico:
– O mundo não é nada sem a nossa inspiração.
– O Homem não é nada sem o ar de nossa graça.

Não somos uma mera manifestação do acaso.
Não somos amigos do belo.
Não somos o caminho da perfeição…
Somos meramente o inconsciente das sociedades…
Somos poetas, pintores, músicos, teatrólogos…
Somos a exuberância da expressão humana.

Por Favor, criaturas do futuro,
Não nos confundam com os intelectuais,
Muito menos com as crianças,
Por que nós somos a Arte por si mesma.

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